terça-feira, 29 de dezembro de 2009

3,2,1 fim.

Hoje joguei o calendário de 2009 fora, e foi assim que percebi que o ano acabou. Na véspera de natal, estava escrevendo o balanço do ano de 2009, esforçando-me para colocar no textos prós e contras e todas aquelas promessas para o ano que vem chegando, empurrando este que dá o último suspiro. Minha escrita foi interrompida pela doce surpresa de ver minhas tias e primas, que apareceram na casada minha mãe para desejar um feliz Natal. Depois disso, não retomei o texto, que está em um dos muitos rascunhos deste blog, e não vai sair de lá tão cedo.
Hoje joguei o calendário de 2009 fora, e foi assim que percebi que o ano acabou. E também tive uma epifania das grandes, um amadurecimento desses que raramente a gente percebe. Depois de uma sequência considerável de anos escrevendo balanços e memórias, senti no meu coração a paz de quem descobre algo grandioso. Não senti a necessidade de escrever pra lembrar. Está tudo vivo aqui, e é tudo tão bonito e intenso, que nem cabe dentro de mim. Aliás, quase nenhum dos meus sentimentos cabe dentro de mim, que tenho essa eterna mania de sentir demais.
Então, quando me perguntarem sobre o ano de 2009, não lerei texto algum escrito nesse blog, ou em qualquer outro lugar. Olharei pra dentro de mim, pra dentro da minha alma, que sorri o sorriso de quem viveu grandes aventuras, mudanças e felicidades, e que percebeu que as tristezas e momentos difíceis só a fizeram crescer. Alma que ainda é menina, que tem defeitos inevitáveis, no entanto não deixa de tentar melhora-los. É uma alma pequenina, com pouca experiência e ainda muito por viver. Deixo que ela faça o balanço de 2009 por mim, e aqui fica apenas o meu adeus e o meu agradecimento a esse ano que tanto me trouxe. De bom, de ruim, não importa, está tudo aqui, guardadinho, e por isso sou grata.
Não faço promessa alguma para 2010, aliás, ao contrário, faço um pedido: Seja tão bom quanto 2009 foi pra mim mas, ao contrário dele , passe devagarinho, sem pressa, passe de um modo que eu possa pegar cada instante seu e guardar no bolso. Me dê mais tempo pra viver essa vida que é tão preciosa, e tão curta. Venha depressa, mas não se apresse em partir.(:

Sobre a música.

Tem músicas que fazem realmente com que eu me sinta especial. Não é no sentido de ser melhor do que as outras pessoas, ou coisa que o valha, é no sentido de me sentir especial por ter a música e, até mesmo, ser a música, em alguns momentos.
Vez ou outra me sinto a própria Little Girl blue,da Janis Joplin, ou então, a Lucy in the sky, com seus diamantes. Na chuva, em uma destas tardes em que a rua é o último lugar onde eu gostaria de estar, Regina Spektor começa a cantar e todas as pessoas e carros que me cercam viram apenas borrões apagados nessa cidade apagada, da qual já estou muito longe, longe demais pra me importar com a frieza dela e do resto do mundo.
Há ocasiões em que só a música consola. Em uma música da qual eu gosto muito, um tal de Conor diz assim:"when everything gets lonely I can be my own best friend", e, apesar de achar essa frase sincera pra burro, ela não se aplica a mim, afinal, when everything gets lonely my MUSIC is my own best friend. Digo minha, porque meu Thom Yorke não é o mesmo que o seu, nem a minha Ida Maria, que é pouco minha, mas muito minha. É pouco porque não são todas as músicas dela que me tocam, e é muito, porque uma delas é o suficiente pra encher a minha alma de alegria e consolo. Daí aquela questão de preferir canções, acima de bandas. Nunca soube chegar a qualquer conclusão a respeito, já é um assunto ao qual nem entro mais durante meus devaneios e emaranhados de pensamento, porque, se de um lado tenho a Ida, com sua(até então) única canção, tenho, do outro lado, Weezer, que me faz dar saltinhos(LITERALMENTE)delirantes quando chega a pasta de músicas dele, no meu velho MP3, que me acompanha já há mais de três anos. Algumas rachaduras, o botão do volume e o hold quebrados, mas ele nunca me deixou na mão.
Creio que esse meu sentimento é compartilhado com a maioria das pessoas(com o mínimo de sensibilidade, é claro), não pelas mesmas músicas, e ainda menos pelos mesmos motivos, mas esse conforto, essa identificação, esse compartilhamento de si mesmo consigo mesmo, essa coisa, por falta de melhor nome, que, em mim, é só a música que faz.
Aproveitando esse texto, que escrevo sem qualquer revisão gramatical, preocupação com repetições ou qualquer porcaria dessas, quero agradecer. Ao Renato Russo agradeço por Giz, Via Láctea e Vento no Litoral. Aos Beatles agradeço por encherem meu coração de alegria, todo dia, a toda hora, porque todo o dia é dia pra se acordar Beatles. Ao Radiohead agradeço pelo melhor show da minha vida, por Exit music e pela sua explosão de cores em cima do palco. Agradeço a Janis Joplin, Elis Regina e Regina Spektor pela inspiração e pelo espelho. Chico Buarque e Vinícius de Moraes pelas mais belas e fortes poesias que meus inexperientes ouvidos já tiveram a sorte de encontrar. A todas as bandas que um dia eu já ouvi, que me foram especiais e me tocaram de alguma forma.
Aos caras do Weezer pela pureza e pela simplicidade, e por Paron me, que me ajudou mais do que qualquer um pode imaginar, em certa época da minha vida. Obrigada ao senhor Brandon Boyd por me fazer acreditar em coisas que a primeira vista parecem impossíveis e por, ainda mesmo depois de tanto tempo, me fazer acordar Incubus de vez em quando. Obrigada a todos estes que seguem comigo, seja nos discos, no MP3, no cumputador, ou na minha mente. Obrigada.
Não toco qualquer instrumento, não sei nada de técnicas, efeitos de guitarra e não sou profunda conhecedora de bandas ou estilos músicais. O que é bom pra mim talvez não seja bom pra você. Mas tá tudo bem, porque eu amo música, respiro música, e isso ninguém tira de mim.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mania de sentir demais

Sou toda sentimentos. Qualquer coisa dentro de mim se manifesta de maneira intensa. Não sei ser fria, não sei ser ponderada, e isso dói.
Certo dia uma amiga minha, com olhos de ressaca, me disse que ser fria é muito pior, e que sofre muito por não conseguir expressar seus sentimentos. Acredito ela, é claro, mas não consigo me imaginar nessa situação, eu que sou uma pessoa que enfrenta mais algumas semanas de aula só apara não ficar sozinha em casa.
Choro mais, tomo mais porradas da vida, me apaixono uma vez por semana, e sempre acho que sou mais com os outros do que os outros são comigo. Guardo uma porção de sentimentos não revelados, promessas não cumpridas e pequenas mágoas por coisas pequenas.
Não é algo que me orgulhe,ao contrário, estes sentimentos todos demonstram que os monstros da fraqueza e da dependência estão aqui adormecidos, prontos pra acordar ao menor descuido dessa menina que, depois de tanto tempo, escreve nesse blog.
Por ser assim me entristeço fácil e dou muita importância para coisas que a minha amiga Capitu certamente deixaria de lado, tornando seus dias muito mais fáceis.
Lembro de uma amiga que, aos seis anos de idade, me disse que eu a sufocava demais, o que partiu o meu coraçãozinho na época, e que eu sinto partir até hoje quando me vejo, de novo, a sufocar alguém com atenções e carinhos dos quais ninguém precisa.
E aqui estou eu, enquanto o ano dá seus últimos suspiros, me preparando psicologicamente para fazer um balanço de 2009, coisa que é inevitável de se fazer. Mas o que eu sei que não vai mudar nunca, é essa minha eterna mania de sentir demais.

obs: Natá, aqui está sua resposta, talvez agora você possa entender melhor o outro lado da história hehehe

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre a borboleta

No meio da escada tinha uma borboleta
Tinha uma borboleta no meio da escada

Lá estava eu, atrasada para a primeira aula de sexta feira, ouvindo música e perdida em meus pensamentos. Sentei na escada, tomando cuidado para não encontrar o olhar de nenhuma das pessoas que estavam a minha volta, e então a vi. A borboleta, nem tão grande, nem tão pequena, parecia não ter olhos, estava claramente machucada, não era nem tão bonita, nem tão feia, era acinzentada e triste, como a manhã que se fazia lá fora.
Senti uma tremenda compaixão pela minha nova companheira de escada. Era companheira de solidão momentânea, e também estava deslocada naquele ambiente que não era o dela.
Quis tirá-la de lá, pude prever milhões de pés passando por cima dela depois do sinal que anuncia o intervalo, mas não tive coragem o suficiente pra isso. Sou covarde, e nisso a borboletinha era muito melhor que eu. Tinha um ar intimidador, com suas anteninhas apontando para a frente, e apesar de machucada, se mostrava forte.
A chegada de uma conhecida me distraiu completamente e acabei esquecendo minha amiga da asa cinza e quebrada. Na certa se perdeu na sola do sapato de alguém.
Fui lembrar dela no meio da aula, e agora já nem sei qual foi o motivo, só sei que senti uma culpa grande por ter esquecido daquela borboleta, que me fez perceber então, o quanto esquecemos das coisas pequenas com facilidade.
Uma pessoa é uma pessoa, não importa o quão pequena ela seja, aprendi isso assistindo a um filme que meu irmão de sete anos me emprestou. Bem, uma borboleta é uma borboleta, a borboletinha que tá na cozinha fazendo chocolate para a madrinha, ou a borboleta pequenina atrás do cafezal na noite de natal, ou as borboletas no estômago do apaixonado, ou aquela que nos trás sorte quando pousa em nosso ombro, ou então a borboleta de asas cinzas e quebradas, pausada no degrau de uma escola cinza e quebrada.
Não sei o que se fez dessa amiguinha, mas esse texto, é pra ela :)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rua-cidade às 2h30 da manhã

Até as luzes parecem grandes demais.
Poderia facilmente me referir a esta rua como uma cidade inteira, onde as vidas se chocam e cada um representa o seu papel, muito bem representado.
Tenho escrito nesse blog com bem menos frequência do que gostaria, e durante o tempo em que fico afastada, uma dezena de textos passam pela minha cabeça, a respeito de momentos, ou frases, ou histórias... o que for. No entanto, quando hoje cliquei no "nova postagem", sem saber ao certo o que iria escrever, só sabendo dentro de mim que precisava fazê-lo, as luzes dessa rua-cidade vieram a minha mente, junto com o inevitável sentimento de pequenez que me toma, quando eu passo por ela.
Tenho-a como algo inatingível, ainda impossível para mim. O momento em que poderei caminhar por ela sem as preocupações e cobrança de horários ainda me parece distante, e por mais que eu anseie esse momento com certa intolerância, tenho medo de quando ele chegar.
Sei que quando as portas dessa cidade se abrirem para mim, alguma coisa aqui dentro vai morrer, algo de inocente e tranquilo será tomado pelo medo, pela insegurança e pela parcial liberdade que essas luzes, hoje vistas apenas através do vidro do carro, trarão pra mim no dia em que eu quebrar as barreiras.
Paro, vejo. Alguém no banco da frente do carro me indica alguma coisa, uma pessoa, ou um bar, não sei. Tudo o que vejo são borrões, e os rostos desses borrões, que procuram desesperadamente um refúgio nas esquinas da rua-cidade escura.
O carro segue, a rua fica para trás, mas o fascinio e a pequenez em relação a ela continuam. E me dizem que não é nada de mais, que é só uma rua... Mas é claro que eu não acredito.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vontades

Quero um dia com 42 horas, ao invés de 24.
Quero poder estar com todos os meus amigos, todos os dias, ao mesmo tempo.
Quero não sentir saudade.
Quero poder ter oportunidade e inspiração para escrever no meu blog todos os dias.
Quero que me deem a notícia de que a nova epidemia não é uma gripe, e sim uma onda súbita de felicidade invadido os pulmões de todo mundo, fazendo as pessoas infectadas gritarem de alegria.
Quero não ter que me preocupar com fórmulas de física para passar na faculdade, e poder fazer o que eu amo.
Quero não brigar, NUNCA MAIS!
Quero dias em que tudo que se pode fazer é deitar e ver as núvens.
Quero passar as semanas sem a angústia das provas que estão pra chegar.
Quero que meu irmão me acorde com beijinhos, todo dia.
Quero sempre sentir aquele cansaço que invade, depois de ir em um show e pular e gritar até toda a energia ser gasta.
Quero uma infinita coleção de discos de vinil.
Quero menos preocupação com aquilo que é pequeno.
Quero ler todos os livros geniais já publicados.
Quero abraçar o mundo, e contagiar a todos com as minhas vontades e alegrias.
Quero perder o medo de expor minhas opiniões.
Quero ser mais segura.
Quero dias frios e ensolarados.
Quero poder escolher o que vou sonhar toda noite.
Quero um jardim na mniha sacada.
Quero um gato.
Quero um cãozinho.
Quero minhas meninas favoritas todos os dias.
Quero gargalhadas escandalosas no meio da rua.
Quero ouvir uma música tão alta, que acorde todos os vizinhos.
Quero que a matemática seja banida do universo.
Quero Poesia.
Quero um rock mais sincero, mais puro,
Quero pessoas mais sinceras também.
Quero GRITAAAAAAR bem altão, mesmo.
Quero não ter esse medo do ano acabar, e de tudo mudar, mas ainda assim, quero mudanças.

Quero tanta coisa, que acho que minha primeira vontade, é um coração maior, pra caberem todos os meus desejos. E as minhas paixões.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Chovendo na roseira.

Não me lembro por quanto tempo fiquei a fitar o espelho. Senti os olhos cansados, então sai triunfante da sala de estar.
Segui em direção ao jardim, que tinha sua beleza iluminada pelo tímido sol de inverno.
Sentei displicentemente na grama, que começava a ser aquecida pelos fracos raios de sol, e, em um gesto calmo, inclinei a cabeça para trás. Senti as pontas do meu cabelo avermelhado roçarem na grama, sorri.
Era bom estar sozinha em casa, sem Nestor, ou Dalva, ou minha querida mãezinha para me dizerem o que fazer, ou gritarem pelos aposentos da casa. Sabia que duraria pouco essa paz, então fiquei em silêncio, observando a borboleta gritantemente amarela voar traiçoeira, perto de uma roseira, que só da rosa mas não cheira a frescura das gostas úmidas, que é de Luísa que é de Paulinho, que é de João! Comecei a cantarolar, e gargalhei da minha tentativa fracassada de imitar Elis Regina, como se o fato de termos o mesmo nome fosse sinal de termos o mesmo dom. Emudeci, fiquei por uns instantes a contemplar meus pés brancos e descalços que destacavam-se mediante ao verde vivo do gramado. Então senti uma súbita vontade de ouvir música, para espantar a frustração de ter sido rejeitada pela terceira vez nos testes para aulas de técnica vocal. Não basta querer cantar, você tem que ter o mínimo de talento para iniciar o curso! Foram estas as palavras da professora que estava avaliando os candidatos, e que usava óculos de tartaruga.
Levantei preguiçosa, estiquei os braços, senti a pequena Tutu passar sua longa calda branca pelos meus calcanhares, sorri para ela: ah, se fossemos só nós duas por aqui, Tutu...
Fui em direção ao pequenino lance de escadas que separava a sala do jardim. Antes de entrar no casarão olhei pra trás, respirei fundo. Uma linda manhã julho, que amanhã não estará mais aqui.
Agachei em frente á cômoda e comecei a procurar, em meio aos discos empoeirados, um que me agradasse. Queria algo animado, para afastar qualquer sentimento doloroso que pudesse se manifestar. Se fico parada sem fazer nada, começo a me encher de pensamentos indesejáveis.
A medida em que a melodia da música começou a penetrar meus ouvidos, meus pés ganharam movimento. Rodei uma, duas, dez vezes enquanto alguém me contava a respeito de segurar a mão de outro alguém, ou era a minha mão que ele queria segurar? Não me importei, rodopiei até cair jogada no sofá. Não pensava em mais nada agora.
O disco parou, o silêncio tomou conta da sala fria e cheia de móveis. Me encolhi, então ouvi Tutu miando alto lá fora, na certa está perseguindo o Tico-tico que mora ao lado, pensei.
Levantei-me com a intenção de buscar uma blusa para cobrir meus ombros nus, mas me distraí com um casal de namorados que passava do outro lado da rua. Olhei-os pela janela, melancolicamente.
Se eu ao menos entrasse naquele curso, se ao menos pudesse provar a ele... É questão de prioridades, Elis, só isso ele sabia me dizer. E então me deixou sozinha, em meio aos lençóis encardidos da pensão em que morava. Uma lágrima rolou pelo canto do rosto.
Um vento forte bateu na janela, assustei-me, abri a porta e trouxe Tutu pra dentro, vai começar a chover. Antes de bater a porta pude ver pétalas de rosa arrastadas pelo vento.
Tentei ler um livro pra me distrair, em vão. Acabei cochilando na poltrona grande e mofada que ocupava grande parte do meu quarto, e despertei com os pingos da chuva batendo na janela, me aproximei para olhar.
Está chovendo na roseira, pensei.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Carta

Demorei até ter coragem de lhe escrever,
Esta é uma carta que você nunca vai ler.

Canção singela esta, que nunca vai chegar aos seus ouvidos,
E que mesmo assim foi adiada
Por medo de infantilizar
O que de infantil não tem nada.

Escondi-a por medo.
Medo de críticas, de desencorajamento.
Não temo mais, a afeição é declarada
E todos ouvem meu grito, menos você.

Adiei estas tortas linhas
Por medo de infantilizar
O que de infantil não tem nada.

Falta pouco agora, chego ao final
Talvez a última frase eu nunca cante em voz alta.

É que sorrio ao lembrar do leve toque
Da sua mão na minha,
E isso pode vira a infantilizar
O que de infantil não tem nada.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Canção para os olhos cansados.

O amor que tenho por estes olhos...
Olhos que me olham com a sabedoria do sábio cansado.
Olhar com um quê de ternura, um ar divertido,
Cautela.

Esse par de olhos, que tanto já viu...
Minha imaginação não alcança seu olhar cansado.
Cansaço e sabedoria se abraçam, dançam,
Enquanto você olha pra mim e sorri.

Amor grande esse que eu tenho
Por esse seu pequeno par de olhos.
Olhos que um dia foram grandes,mas apequenaram-se
Enquanto a vida passava diante deles.
Encolheram sem, no entanto, perder o brilho.
Esse brilho jamais se perde.

É o brilho experiente dos seus olhos gastos
Que os meus olhos jovens tentam capturar,
Em vão.

Ah! O amor que eu tenho
Por estes olhos
Cansados.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Despertador

O som alto do alarme que tocava incessante, no quarto ao lado, acordou Eleonora num sobressalto. Xingou baixinho, entreabriu levemente as pálpebras pesadas e borradas pelo delineador que ela tivera preguiça de tirar. A cabeça doía, o corpo doía. Elle pegou o lençol e em um gesto rápido cobriu-se até a altura da testa.
“Porque é que mamãe programou o despertador, em pleno sábado? Vingança, na certa vingança, ela que não se conforma com o fato de estar velha, ela que tem inveja de minha juventude e de minha liberdade. Na certa, na certa ficou irritada pelo horário em que cheguei da festa da Claudinha, que imbecil.” A jovem resmungou por mais alguns segundos, então voltou a adormecer, um sono leve. Novamente ouviu o relógio apitar, arregalou os olhos, franziu a testa, ela só podia estar de brincadeira. "Colocou o despertador no modo soneca, a porcaria do despertador tocando a cada dez minutos exatos, que beleza!"
Em questão de segundos, diversos planos diabólicos para acabar com a mãe, passaram pela loura e inconseqüente cabeça Eleonora.
Virou-se de bruços, pressionou o travesseiro sob a cabeça, para abafar o barulho ensurdecedor do relógio. Como ela agüentava ficar ao lado do despertador e não se manifestar? Como, como? Protetores auditivos, na certa.
Eleonora sentou-se na cama, abraçou o travesseiro, sentiu leves pontadas de dor na cabeça, então levou as mãos ao couro cabeludo e analisou o quarto ao seu redor, parando o olhar, por um instante, no vestido amassado no chão e sorrindo de leve. Então sua mente saiu por um momento da atmosfera do apartamento, que se enchia com o barulho do alarme, e foi para a noite anterior, noite que passara quase toda ao lado de André. Deitou-se com a cabeça sob os braços e ficou a contemplar o teto, até que cochilou, pensando em André, e no beijo de despedida...
O despertador soou pela terceira vez, então num golpe rápido, Eleonora levantou-se decidida. Caminhando em passos largos, dirigiu-se ao quarto da mãe, praguejando. "Agora ela vai me ouvir, vou matá-la, juro que vou, aquela cretina, como pode, como pode? Que imbecil, vou matá-la, eu vou..." Não completou a frase.
Ao chegar na porta do quarto de sua mãe, Eleonora deparou-se com uma figura pálida, jogada na cama, com o braço pra fora. Estiou por um momento, então, deu três passos firmes em direção a cama e tocou de leve o braço da mãe, frio. Aregalou os olhos, sacudiu-a fortemente, gritando "Mãe, mãe.." Gritos inúteis. A garota, que agora tremia, sentou-se no chão, com os olhos marejados de lágrimas e, complemtamente indefesa e assustada, voltou a chamar "Mãe.." a voz morreu.
O despertador tocou pela quarta vez, gritando mais alto do que nunca, ecoando pelo quarto e abafando os soluços de Eleonora.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Meme

Jenny postou esse joguinho bacana e passou para mim. Normalmente acho esse tipo de corrente tola, mas a brincadeira em questão é relacionada a música, logo, só pode ser jóia.

Tenho que escolher uma banda, e responder dez perguntas com trechos de música da banda escolhida.
Vou fazer com as músicas da Violins, banda do coração, que se você não conhece, deveria conhecer: www.violins.com.br
Bem, lá vai:

1. Você é homem ou mulher?

Eu sou um piloto da força aérea Russa, eu cai aqui abatido do céu azul.
(Piloto Russo na aldeia Suskir)


2. Descreva-se.

Já faz mais de dez anos que eu perdi a visão e mais de dez anos que eu fiquei completamente surdo de um ouvido, e o outro só ouve confusão.
(Células tronco)

3. O que acham de você?

Eu sou muito menos, eu sou muito menos do que o sonho exige de mim...
(Qual a criança?)

4. Como descreve seu atual relacionamento?

... Mas eu tenho tantos corações, mas eu tenho tantos corações.
(Ensaio sobre poligamia)

5. Como descreve o atual de sua relação?

Sem prender minha vida em você, sem que a gente tenha que ser um.
(Corpo e só)

6. Onde você queria estar agora?

Esse é o lugar onde não importa o que você faça que todo pecado aqui te condena a ser feliz(...)
(Matusalém)


7. O que você pensa a respeito do amor?

Então respira mais, que eu respiro mais, ok ok.
(Ok, ok)

8. Como é a sua vida?

É tudo impressão, tudo em preto e branco, enfim, é tudo impresso.
(Hans)

9. O que pediria se tivesse um só desejo?

Nos traga inverno ou outono, tanto faz...
(Convênio)

10. Escreva uma frase sábia. (?)

Procure um pouco mais, há tanta musica pra gente descobrir e ouvir. Dá pra passar o resto da sua vida rústica escutando musica...
(O fim da música como arte)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Casa verde

Hoje descobri que a casa verde de uma certa esquina, em uma certa rua, não está sendo reformada e pintada para virar o lar de alguém. Toda aquela gente pintando, furando e martelando a casa, para no fim ela se transformar em um escritório de “qualquer coisa”.
Isso me deixou frustrada e um tanto chateada, afinal, passei bem umas oito semanas da minha vida imaginando, toda a vez que passava por ela, cada membro da família que se mudaria para lá, incluindo o cãozinho latindo no quintal e o gato roliço ronronando no chão da sala.
Mesmo que fosse uma família completamente diferente da que eu imaginei, a idéia de a casa estar sendo preparada para marcar o recomeço da vida de alguém, me fazia sorrir divertida.
Agora, o sorriso inexiste. As crianças correndo, o cheiro do feijão saindo da panela sob o fogão da cozinha e as roupas estendidas no varal, sumiram, não passam de leves borrões que nem na minha imaginação existem mais.

Aqui jaz a casa que nunca foi casa, a família que nunca foi família e um pedacinho da imaginação da menina que, tristonha, dá a esse texto o seu ponto final.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sobre o nada

Acordei de ótimo humor, com o relógio marcando 12:00 e com uma das minhas canções favoritas servindo como despertador.
Senti aquela corrente de ar frio da manhã, estiquei o cobertor de pelos, até ter minha face coberta. Tentei adivinhar se lá fora estava chovendo.
Cochilei por mais alguns instantes, então meu pai adentrou o quarto ainda escuro, e perguntou se iria almoçar já. Respondi que sim, levantei, e coloquei a primeira calça jeans que vi atirada na cadeira. Fiz questão de ignorar os fios de cabelo totalmente desalinhados e a maquiagem um tanto borrada da noite anterior, olhei no espelho e sorri.
Saindo do apartamento me deparei com aquela menina dos cabelos até a cintura, ela calçava botas compridas, de um tom escuro, e tinha uma mala de viagem em uma de suas mãos. "Na certa vai viajar com as amigas", pensei, e não pude deixar de sentir uma leve pontada de inveja. Sorriu pra mim, aquele sorriso pouco sincero e um tanto vazio, daqueles que a gente dá para os vizinhos quando os vemos no elevador. Cumprimentei-a, e juntas esperamos o elevador chegar.
No meu trajeto, sempre com os fones de ouvido, fui entretida a imaginar para onde iam as pessoas com quem eu trombava pela calçada. Eu geralmente faço isso, e me divirto um bocado.
Farol vermelho para os pedestres. Porque é que as pessoas fazem questão de atravessar a rua correndo, se o farol é verde para os automóveis?
Semáforo estranho. Temos apenas 8 segundos para atravessá-lo. OITO SEGUNDOS, barbaridade das grandes. Um dia sentarei no meio dessa rua, enquanto o farol estiver fechado, e permanecerei nela sentada, quando o farol abrir. Será um protesto, um protesto contra esse farol que nos obriga a atravessar a rua com passadas largas e com a incerteza de ele abrir a qualquer instante. Então, meus familiares e amigos receberão a notícia de que morri atropelada segundos depois do semáforo para os veículos ter ficado verde. Mas afinal, quem é que, cheio de preocupações mais importantes e dignas de atenção, notaria uma menina solitária sentada no meio da rua? "Era louca", seria o comentário geral.
Passei pelo farol insano e segui o caminho, observando as pequenas poças de água formadas pelas chuvas do dia anterior. "Ontem elas eram bem maiores", lembrei daquela em que eu, destraídamente, meti meu pé, encharcando o tênis.
Cheguei adiantada, e olha que fiz questão de caminhar calmamente hoje, observando tudo, tentando capturar cada instante que, em vão, escapava por entre meus dedos. Acordei com uma vontade tremenda de amar a vida, e acho que esse céu nublado e essa brisa gelada, fazem eu amá-la ainda mais.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pedro

Toda vez que o sol desce e a maré sobe, eu me lembro de Pedro B.
- A hora mais bonita do dia. -dizia ele, sempre que estávamos sentados de frente pro mar, e o sol, que deixava de brilhar tão intenso, começava a se esconder por detrás da imensidão salgada. -É mesmo uma beleza!
A brisa movimentava levemente suas louras madeixas, deixando aparecer um rosto fino, de pele queimada pelo sol de Santos. Ele sorria, um riso a toa, um riso divertido. Então deitava-se de barriga pra cima, sem se importar com a areia fina penicando sua nuca e entrando maliciosamente em seu jeans surrado.
- Vou-me embora, Duda, vou-me embora. Vou pra bem longe de toda essa água e de toda essa areia, só levo meu violão. O violão e minha coleção de conchas... AH! Levo a Rosinha também! É isso mesmo que vou fazer, pode esperar.
- Vai embora nada Pedro, deixa de ser trouxa que menino como eu e tu cresce aqui e morre aqui. E mesmo que tu vá, Rosinha não vai contigo. - Respondi amargurado, porque sabia que Rosinha iria com ele, mesmo se ele não a quisesse.
Mas Pedro já não me ouvia, tinha os grandes olhos negros apontados para além do oceano, provavelmente pensava em sua vida, em como ela seria quando ele parasse de ajudar seu pai à pescar camarão.

Todos os dias depois da escola, Pedro B. ia andando pelas ruas de Santos com seus chinelos gastos, sua camiseta desbotada, o violão em punho e um sorriso malandro predominante em sua face. Ia sempre cantarolando algum samba antigo, que seu avô tocava pra gente quando eu dormia no casebre deles. O talento de Pedro era cosia de família.
Costumávamos ficar até as primeiras horas da manhã conversando. Ele deitando em sua cama, e eu em um pequeno amontoado de cobertas que Dona Suzana arrumava pra mim, sempre que eu dormia lá. Falávamos de tudo. Falávamos de nada. Tínhamos todo o tempo do mundo e um assunto inesgotável. Bolávamos planos para furtar todas as bolinhas de gude dos Gêmeos, Francisco e Carlinhos, sem eles notarem, falávamos com descaso das nossas notas baixíssimas nos testes da escola, falávamos das meninas que passavam na praia, usando saias mínimas.
Acho que de todas essas noites passadas sob o teto mofado do casebre, a que nunca saiu de mim, foi a noite em que Pedro chorou, por medo de seu pai sair de casa.
- Ele mais minha mãe brigaram de novo, Duda. Acho que dessa vez não tem volta não. O pai saiu e não voltou ainda... tem mais volta não. - Chorou, me abraçou, e eu nada disse. Não dissemos mais nada naquela noite, em que o barulho das ondas se chocando com as rochas, engoliram os soluços de Pedro.

Ele se foi em uma manhã chuvosa de março, mochila nas costas, violão em baixo do braço, e Rosa, com quem tinha a mão esquerda entrelaçada. Lembro que na mesma tarde, chorei escondido, em baixo de uma ponte aonde costumávamos jogar bola.
Pedro nasceu pra ser livre, pra ser do mundo, e eu pra ficar aqui, no Porto de Santos, pra sempre. E mesmo assim, nunca existiu amizade como a de Duda e Pedro B e ninguém nunca me ensinou nada como aquele moleque de 15 anos ensinou.

O sol desce agora, a maré começa a subir, sinto a brisa leve refrescar meu rosto. O riso de Pedro ecoa livre e divertido, pelo Porto de Santos.

sábado, 27 de junho de 2009

Quarto 33.

Perdeu a hora. Miguel raramente o fazia, mas se deixou levar pelo calor do edredom e pelo colo macio de sua mulher, e agora estava meia hora atrasado.
Levantou-se correndo, vestiu-se com pressa, colocando um par de cada meia, sem sequer notar. Não tomou café, não fez a barba, escovou os dentes rapidamente e tirou o carro da garagem.
"Não vai dar tempo de levá-lo hoje, uma pena" - pensou.
Ao chegar no hospital da cidade vizinha, após ter rodado por aproximadamente 30 minutos, estacionou seu carro, saiu dele, espreguiço-se, suspirou.
Doia-lhe tudo, sempre que ia até lá. Doiam-lhe as memórias e o coração feito em frangalhos. O primeiro dia em que pisou naquele lugar nunca sairia de sua memória. Sua querida Beatriz entrou nessa prisão, com um lindo jardim de inverno, um grande e confortável refeitório e seis refeições ao dia, para nunca mais sair.
Tinham planos, tinham um filho a caminho, tinham a paixão juvenil e aquela vontade de mudar o mundo, em seus corações. E ela, era praticamente um belo par de olhos verdes, redondos e brilhantes, dos quais ele sempre se lembrava nas noites em que a poluição da cidade deixava algumas estrelas solitárias aparecerem. A pele branca e macia, os cabelos castanhos e desalinhados caindo em suas costas. Não podia nem olhar para um lírio, sem se lembrar de sua querida Bia.
Casou-se de novo, alguns anos após o acidente. O sorriso de Sandrinha havia prendido seus pensamentos durante os primeiros anos, e Miguel achou que a felicidade havia voltado para sua vida, que finalmente daria continuidade aos planos que com Bia foram inacabados. Pura ilusão. A dor de saber que Beatriz estava presa em um hospital roubara todas as esperanças que ele tinha.
Ela, logo ela, que tanto adorava a liberdade, que adorava pisar descalça na grama molhada, que adorava sair de casa e pisar no jardim, depois das chuvas fortes de março...
"É pra lavar a alma Miguelito, vem também"- E sorria, aquele sorriso largo e convidativo. E Miguel ia, não por acreditar que iria realmente lavar a alma, mas para estar estar com Bia, para fazer sua vontade.
Agora, toda aquela alegria estava presa entre as quatro paredes de um quarto sem janelas. O remorso e as lembranças engoliram de uma só vez toda a felicidade que Miguel esperava voltar, com ansiedade. A culpa corroeu a felicidade que Sandra poderia trazer.
Mais do que os sentimentos de culpa, o amor ainda ardia no peito de Miguel, e as palavras de Beatriz ainda sopravam em seu ouvido, nas noites em que o vento era demasiado forte, e os cabelos dela ainda roçavam de leve sua face, nos fins de tarde ensolarados.

"Não posso ficar sem seus olhos minha querida, nem que tenha que me contentar em apenas olha-los, apenas isso... se ao menos tivesse esperado alguns anos... se ao menos tivesse lhe sido fiel, se tivesse me dedicado mais... Cinco anos, Beatriz, por cinco anos você dormiu, e não pude lhe esperar. Fui covarde, egoísta, sei que você teria me esperado por muito mais tempo. E agora, em todo o meu egoísmo de homem infeliz, volto fielmente pra te ver toda semana, mas para me satisfazer apenas, para com o seu sorriso triste poder me alimentar de lembranças doces e continuar vivendo, na vã esperança de que um dia as coisas voltem a ser como antes..." Perturbado por seus pensamentos, Miguel seguiu para a porta de entrada, fazendo o caminho que para ele era quase automático. Passou direto pelo balcão de entrada, acenou rapidamente para a mocinha da recepção, dirigiu-se para o quarto 33.
Passou por um corredor, mais outro e outro. A porta estava aberta, uma enfermeira estava servindo gelatina à moça deitada na cama. Moça pálida, triste, magra, fraca... mas linda, sempre linda.
Olhou Miguel pelo canto do olho, aquele olhar que ele tão bem conhecia, sorriu. Ele sorriu de volta, sentiu uma súbita vontade de chorar.
"Está atrasado, Miguelito. Quero conversar com você"
"Estou atrasado há alguns anos, querida Bia"
"Sente-se, quero olhar seu rosto bem de perto hoje... Não trouxe Pedro?"
"Não quis acordá-lo, com toda aquela pressa"- esboçou um sorriso.
Bea ficou séria, a notícia de não poder ver seu filho não a agradou. Recompôs-se, começo a falar, um tom suave, doce, parecia cantarolar as palavras que saiam de sua boca.
"Miguelito querido, espero que entenda meu pedido. Você sabe que é o amor da minha vida, sabe que sim, mas peço que não volte mais. Me dói olhar para o seu sorriso, e saber que ele não é mais meu. Me dói ver as tardes de domingo morrerem solitárias, e saber que não é em mim que você encontra o carinho. Quero que você seja feliz, mas não quero ver toda essa felicidade. Não me entenda mal, mas sei que estou fadada a terminar meus dias aqui, e quero morrer tranquila. Sempre choro quando você se vai, mas esta vai ser a última vez."
"Mas, Bea..."- Engasgou, não conseguiu terminar a frase.
Beatriz se manteve firme, agora falava séria:
"Não te esqueço Miguel, não te esqueço... espero que não esqueça de mim também. Agora vai, e leva contigo as lembranças bonitas que tivemos. Adeus, Miguelito."
"Bia, não pode me pedir isso. Não te esqueço, claro que não, mas por favor, por favor, me deixa voltar, me deixa cuidar de você, que um dia isso muda, um dia tudo volta, um dia a gente volta pros passeios de barco Beatriz! Você adora os barcos!"
"Miguel, vá embora, por favor..."- Ela agora chorava.
Olhou-a uma última vez, colocou o chapéu, saiu carregado e vagarosamente.

Céu cinza lá fora, uma chuva a caminho. "Bia adora a chuva, adora a chuva..."
Sentou-se na calçada de frente para hospital, olhou fixo a janela do quarto 33, a chuva veio e Miguel chorou.

Somos nós...



Mas não somos nó eu, a Dani, o Jordan e o Lucas. É a 3S3 inteira aí em cima.
Devo dizer que nesse último mês em que todas as salas do colégio singular competiram pra ganhar uma viagem, eu aprendi um bocado. Em especial, nos últimos três dias que se passaram.
Eu percebi que, mesmo com todas as diferenças do universo, mesmo que eu não aprove as atitudes e maneiras de ser de muitos dos meus colegas de classe, o quanto eles me ajudam para que meu dia seja melhor. Vi até aqueles que faziam questão de não se incluir na sala, mesmo do dia-dia, ajudar com a correria de cenários, comparecendo a ensaios, aprendendo a cantar grito de guerra.
O Desafio Singular tem ESSE intuito e a maioria das salas se esqueceram dele.
Por sorte a nossa sala soube aproveitar o desafio pra hoje dizer: Somos melhores do que nunca, somos invencíveis. E eu, finalmente posso dizer, e digo com uma sinceridade tremenda, que amo essa classe.

Quando subimos no palco para a apresentação, eu estava completamente nervosa, e tremia quase o corpo todo. Então olhei dentro daqueles olhos, que já estavam brilhosos, vi aqueles que passaram a noite todas fazendo faixas de cabelo em que se lia "Elis", só para usarem durante a apresentação. Vi que a maioria fez questão de estar bem a frente do palco, pra nos dar apoio. Vi meu pai sentado na primeira fila.
Vi seus olhos marejarem e ouvi suas vozes cantarem junto comigo, inclusive aqueles que pegaram a letra no dia da apresentação, só para acompanhar.
Senti os abraços apertados, os beijos abafados, as lágrimas se chocando com as minhas, vi os sorrisos sinceros, ouvi palavras de carinho. Aprendi, finalmente, a dar a vocês, 3s3 querida, o devido valor que merecem.
Não é desafio, não é primeiro lugar, não é uma meia dúzia de pessoas tristes sem amor no coração que vai dizer quem nós somos, o que diz quem realmente somos, é essa cumplicidade linda que nós conquistamos.

Agora com o desafio acabado, percebo que o fim de tudo isso está próximo. Logo agora? Sim, logo agora.
Estaremos fechando as portas da escola, e escancarando as portas pra esse mundo gigantesco, que é muito mais frio e cruel. Enfrentar tudo isso sem vocês em minha rotina, será 10x mais difícil.
Então, o colégio Singular está longe de ser a melhor e mais justa das escolas, e os alunos de lá estão longe de ser exemplos de caráter e de simplicidade. Mas mesmo assim, sentirei falta de tudo isso.
É claro que, em especial, da minha 3S3, minha, tão minha que até dói.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O vai-e-vem dos raios de sol

Os minutos passam mais devagar do que deveriam. As quartas-feiras são sempre assim, mas antes uma quarta, do que uma terça-feira, penso em meio á devaneios desimportantes.
Escrevo um trecho de música em um pedaço de folha rasgada, música que está na minha cabeça desde que meu despertador tocou.
De repente, a iluminação da sala diminui. Olho pela janela, o céu tornou-se mais escuro, o sol se escondeu atrás de uma núvem. De que formato ela seria?
Segundos depois, ele reaparece. Não o vejo, mas sinto seu calor, e a sua claridade novamente invade a sala.
Ao meu redor, todos parecem estar indiferentes a este brilhante acontecimento, alguns dormem apoiados em seus fichários e cadernos, outros escondem o fone de ouvido com o capuz do moleton, alguns fitam o nada, e ainda tem aqueles (grupo em que me encaixava a poucos minutos, mas desisti), que tentam(alguns até conseguem!) entender a equação reduzida da bendita hipérbole, que o professor escreve na lousa. Coisa tremendamente importante para para a nossa felicidade e para os nosso planos futuros. A gloriosa equação da hipérbole, como a maioria das equações, é fundamental pra essência de todos nós, e é facilmente introduzida em uma conversa animada. Quem precisa das beleza e da intensidade dos raios de sol, que insistem em vencer o cinza que os tenta cobrir, quando se tem exercícios da hipérbole, para serem resolvidos?
O sol se esconde de novo, a classe fica momentaneamente gelada. Penso em quantas núvens já passaram por ele hoje.
Reaparece. Ninguém percebe.
Em uma manhã, bem no meio da semana, sou a única a assistir os raios de sol irem e virem pela janelona, a única que percebe o sol brincando de esconde-esconde. Todos recebem o mesmo presente, mas eu sou a única a notá-lo.
Me sinto tremendamente privilegiada. Penso em quantas vezes isso aconteceu, e eu não vi, por estar ocupada demais com algo que eu julgava ser de maior importância. Felizmente, tenho visto as coisas por um outro ângulo ultimamente, e isso tá me fazendo um bem danado.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Chuva II

Ela sempre volta. Com ela, as lembranças em mim adormecidas, e algumas expectativas que caem com a garoa, e vão embroa com água que corre na rua.
Não ando com a música hoje, ando com a chuva. A canção que ouço é o leve tamborilar das gotas de água caindo em minha sombrinha azul.
O céu escuro, cheio de núvens cinzas, me trás o incerto, o desconhecido. O caminho rotineiro e automatico torna-se misterioso e assustador. Assustador de um jeito fascinante.
A barra da calça molhada, a ínutil tentativa do capuz protegendo minha face, pessoas correndo dela, logo dela, da chuva que me trás tanta paz.
As gotas caem mais fortes agora, a chuva engrossa, e engrossa também minha mágoa por tanto tempo guardada... mágoa que a chuva nervosa me ajuda a levar pra longe.

Acho que eu nunca vou saber porque a chuva provoca esse tantos sentimentos incomuns em mim. A única coisa que sei, agora, é que não vou com a música... vou é com a chuva. Chuva que despenca do céu, como despencam velhas esperanças, que trazem no seu encalço novas esperanças. Estou aprendendo a mudar, aprendendo a esperar a próxima chuva cair, dentro de mim.
Ela enfraquece de novo, volta a ser garoa, volta a ser pequena. Volto a ser pequena.

Sinfonia realmente linda, essa do tamborilar das gotinhas de água.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Debates censurados

Eu tinha coisas realmente boas pra escrever hoje. Não que o texto fosse sair bom nem nada, mas as situações em si, são situações que devem, e serão, posteriormente registradas.
Fui praticamente obrigada a mudar meu texto, depois de uma notícia absurda que recebi hoje de manhã, depois de ter pedido a primeira aula.
Minha sexta feira geralmente começa com uma aula de redação, às 7h00 da manhã, mas hoje perdi a primeira aula, então cheguei às 7h50, pronta para assistir 50 gloriosos minutos de física, que pra mim não fazem sentido algum.
Cheguei na sala, nem bem sentei na carteira, e meu anjo Gabriel estava pronto pra me contar os acontecimentos por mim perdidos, durante aula de redação.

A professora comunicou que a coordenação da minha escola PROIBIU a promoção de debates em sala de aula, usando como argumento que "alguns assuntos não podem ser discutidos na escola".
Uma professora que se preocupa em ajudar os alunos a formarem suas próprias opiniões, que discute idéias e trás temas realmente significativos, que tenta fazer com que os alunos do colégio Singular, que em sua maioria são um bando de tristes alienados, comecem a criar a capacidade de opinar e de entender o mundo ao redor.
Isso, que é uma das poucas coisas dentre as que nos são ensinadas na escola, de que realmente tiraríamos proveito para nossas vidas, foi destruído e tomando de nós, por ordem de alguém que só se preocupa com os centavos a mais que os pais dos estudantes depositam em sua conta, ao final do mês.

Só pra constar, a professora foi proibida de trazer esse tipo de discussão um pouco depois de ter pedido para a sala ler um trecho de "O manifesto comunista", a fim de discutirmos tal trecho durante as aulas. Porque será?
A ditadura pode ter acabado, mas sua essência permanece e é lembrada quando presenciamos, tristemente, atitudes como essa.

Escrevo esse desabafo como um jeito de extravasar minha revolta mediante a essa atitude, mas me sinto uma covarde, porque sei que não farei nada além disso.
Queria ir até a sala desse coordenador infeliz e cuspir pra ele tudo que está aqui registrado, e até mais algumas coisas, grosseiras demais para serem escritas no blog.
Queria promover revoltas e revoluções entre os alunos, lutando pelo que acredito e pelo que julgo correto.
Sou covarde e sei que não farei nada disso, e essa, é uma das minhas piores dores.
Tenho medo, pois sei quais serão as conseqüências destes atos, sei que irão acarretar uma série de problemas pra mim, pro meu pai e pra injustiçada professora.
Sou inútil e pequena, porque não tenho a coragem e a determinação dos jovens de 68, que saíram às ruas, com a cara e a coragem, para lutar pelo mundo que eles acreditavam ser melhor.
Morro por dentro ao pensar na minha covardia, e também ao pensar que tudo que vou fazer a respeito são revoluções imaginárias, elas, e estas medíocres palavras que agora escrevo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Talvez eu seja um pouco Vinícius de Moraes. Talvez seja até demais.
Talvez tenha me deixado levar pela voz rouca da querida Janis, que está a me contar sua história com o tal Bobby Mcguee, e como ele quebrou o seu eterno coração.
Talvez... talvez.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Surto das 4h25 da tarde.

Parou, olhou, sentou-se, enfim.
Menina com essa mania de querer ganhar sempre. Ela nem sabe o que vai escrever hoje, mas sentiu uma súbita vontade de fazê-lo.
Despreocupada com o trabalho, tudo está em ordem.
Preocupada com a escola, a química ainda lhe acabar com a vida. Qual a razão de aprender todas aquelas reações, ácidos e bases, se pra ela será tudo de uma tremenda inutilidade? Pergunta feita por milhares que vieram antes, nenhum, no entanto, obteve uma boa resposta.
Os sons das salinhas ao redor perturbam-na. Os sons da frustrante manhã perturbam-na ainda mais. Tenta esquecê-los, mas eles, praguinhas chatas, insistem em voltar. Quer esquecer, quer lembrar, quer pensar em zilhões de possibilidades para as coisas melhorarem. Não consegue pensar em nenhuma.
Pergunta-se agora porque diabos está digitando frenticamente, em terceira pessoa. Porque, sua besta?
Pensa em como suas linhas, escritas com pressa, (logo o chefe pode chegar, e ele não é tão bonzinho quanto a Pulinha, que faz ela comer frutas todo o dia, e a deixa escrever em seu blog enquanto o serviço não aparece) estão descepcionates e ruins. Sente vergonha. Pensa em apagar tudo e esquecer essa coisa de postar no meio do dia, sem razão aparente, além da necessidade de cuspir alguma coisa que ela nem sabe ao certo o que é. Deixa como está, afinal, o texto é mais dela do que de qualquer das poucas pessoas que lêem sua página, intitulada luisainthesky. Prepotência a dela, comparar-se com a sua música favorita dentre todas do universo.
Vai mudar o nome do blog, decidido. Vai nada, pensa consigo. Gosta demais desse onme. é muito dela, muito.
Enfim, quem se importa? O vento continua a soprar lá fora. Uma grande máquina amarela destrói alguma coisa que antes deveria ser muito importante pra pessoas, cheias de histórias e lembranças, ignoradas pelo resto do mundo, assim como a menina que observa o monstro amarelo, destruidor de sonhos.
O céu lá fora é azul e tranquilo, só para provocar.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Meu talento incomparável na arte de picar papel.

Estava eu em mais um dia de trabalho (Para os poucos que lêem meu blog: Sim, eu comecei a trabalhar, à uma duas semanas e dois dias, pra ser mais exata), esperando a querida Paula, uma das minhas chefes, que é um doce, me passar a próxima tarefa. Foi então que ela me apareceu com uma pilha de papel, bem considerável.
- Então, o que faço com elas? - eu perguntei.
-Picota todas, são documentos muito antigos, vou jogar fora.
POXA! Foi a coisa mais divertida que ela me mandou fazer, desde que comecei meu trabalho. Foi o ápice da felicidade, em toda minha carreira como assistente de escritório( carreira longuíssima).
Então, depois de toda aquela picação, Paulinha ainda me deu copo de café, do jeito que eu gosto. E eu pensando que trabalhar seria chato a valer...
Engraçado é que o ambiente de trabalho é, na realidade, muito diferente do que eu imaginava.
Pra mim, escritórios eram sinônimos de pessoas mal humoradas, engravatadas e agressivas andando de um lado para o outro, e trombando em você sem se desculpar. Mas não na seguradora em que eu trabalho.
Fico no segundo andar do prédio de uma seguradora, o piso é dedicado a diversos cubículos e em cada um, tem uma corretora de seguros. Portanto, convivo apenas com a Paulinha e com o meu outro chefe, Marcos. Isso não me impede de trombar com os funcionários das outras corretoras, pelo labiririnto que são os corredores de lá, afinal, parte do meu trabalho é ir de um lado para o outro, levando e trazendo documentos.
A questão é que, todos que eu encontro no caminho, são extremamente simpáticos comigo! Alguns me olham até com certa ternura... Não sei se é pelo fato de eu ser claramente mais nova do que todos que trabalham lá, ou se é por todos usarem gravata e salto alto, enquanto eu vou trabalhar usando tênis e camiseta, o fato é que, eles me fazem sentir muito bem, e não uma completa perdida, o que é absolutamente genial!

domingo, 17 de maio de 2009

Luísa in the sky with diamonds, headphones and a dragonfly

Por Ferdi.
Nem preciso dizer que esse desenho me fez rir de orelha a orelha. Acho que a pessoa que desenhou ajuda muito a manter esse sorriso aqui.
Ela e também a Tangerina que me passa mais segurança do que qualquer um, mesmo.

Amanhã é dia de soprar velinhas e pegar a primeira pitada de pó de pirlim pim pim, com destino à Terra do nunca e tudo mais. Chega dessa história de crescer.

sábado, 9 de maio de 2009

Beatles - lado D.

Espectáculo lindíssimo.
Agradeço a mim mesma, por ter decidido de última hora ir, e agradeço à Débora, querida amiga, que me acompanhou esta noite.
25 músicas dos Bealtes coreografadas em aproximadamente 90 minutos, por 16 jovens dançarinos. Não sei quem eles são, e provavelmente nunca voltarei a -los. Mas agradeço principalmente a eles, por terem me feito sorrir, e por terem me encantado a cada movimento, a cada expressão, a cada sorriso e careta.
Sem qualquer cenário ou figurino especial, o espetáculo pode encantar muito, e ser acessível a qualquer um, pelo preço de 15 reais.

Triste é saber que a maioria das pessoas pagam até 100 reais pra ir em uma balada nojenta, com música terrível, e não dão 15 reais para assistir á uma apresentação que faz qualquer um com o mínimo de sensibilidade, sair sorrindo do teatro (E os mais sensíveis ainda, com os olhos marejados).

terça-feira, 28 de abril de 2009



Me entristecia não lembrar da época em que essa foto foi tirada. Eu ficava de fato chateada, por não lembrar da época que foi, muito provavelmente, a mais feliz da minha vida.
Hoje notei que é infinitamente melhor não recordar quase momento algum do começo da minha infância. Do contrario, viveria triste, por tudo ter se despedaçado e desgastado, do jeito que aconteceu. Só restam as cinzas, as amarguras e as não-lembranças.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A idéia de estar crescendo...


nunca me assustou tanto.
Vou-me embora, para a Terra do nunca.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Chuva

Começou a chover.
A garota que se concentrava ao máximo em seus cadernos e anotações, parou para ver a chuva.
Da janela ela assistia de camarote os pingos enfurecidos arremessarem-se para todos os lados, chocando-se uns com os outros, numa dança descoordenada e incrivelmente bela.
Quis de todo o coração poder estar lá fora, na chuva. Quis ser a chuva.
Desejou ser um daqueles pingos fracos e pequenos, que junto de outros milhões de pingos, também fracos e insignificantes, fazia-se forte e ameaçador.
Desejou ser aquela água gelada e cortante, que na palma de sua mão parecia-se com pequenos alfinetes espetando-lhe a pele.
Ah, a garota daria tudo o que ela possuí para dançar louca e despreocupadamente, como aquela tempestade dançava. Uma valsa de imensa beleza e imponência.
Sua fraqueza e seu medo se esconderiam, na força daquela água que jorrava céu abaixo.

Por quanto tempo esteve a observar a chuva? Não sabia.
Preoucupou-se com o horário, precisava terminar de estudar.
A chuva caia fraca agora, as núvens começaram a sumir e a menina, virando as costas, deu adeus àquela chuva, pedaço dela, que parou de cair... pedaço dela que foi morrendo aos poucos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Sobre as hienas

"Aqui e ali tinha um homem e uma mulher atravessando a rua, abraçados pela cintura e tudo, ou um grupo de imbecis com as namoradas, todos rindo como umas hienas, de qualquer coisa que, aposto, não tinha a menor graça. Nova York é terrível quando alguém ri de noite na rua; pode-se ouvir a gargalhada á quilômetros de distância. É aquele tipo de coisa que faz a gente se sentir só e deprimido."


O apanhador no campo de centeio.

domingo, 12 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Na falta do que escrever...

Detesto deixar meu blog meio abandonado, como deixei nessa última semana.
Minha cabeça anda cheia de coisas, mas nada útil. Preocupações, ansiedade e insegurança tomaram conta de mim.
Por muitas vezes cheguei a sentar na frente do computador para tentar fazer um texto expressando meus sentimentos sem ele ficar muito dramático, ou agressivo demais ou um tanto maçante. Nada saiu, nada entrou. Sentei vazia, levantei vazia.
A sensação de vazio é a pior de todas elas.

Continuo vazia, mas há alguns minutos atrás um sentimento muito bonito me invadiu, e mesmo que minha criatividade continue abaixo da linha permitida, vale a pena sentar e compartilhar minha nostalgia com as poucas pessoas que lêem esse blog.

Não ouço Muse faz um bocado de tempo, e hoje me deu uma tremenda vontade de ouvi-los. Ao colocar uma determinada música, não pude conter algumas lágrimas pesadas, que escorreram pelas minhas bochechas.
Lágrimas carregadas de saudade, lágrimas nostálgicas e eperançosas.
Lágrimas carregando a incerteza e o vazio que trago dentro de mim.
Carregando tudo, levando tudo embora... Lavando o meu ser.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O mundo de Sofia?

Os cursos de filosofia e sociologia voltaram a ser obrigatórios no currículo escolar. Uma notícia que até uns dias atrás parecia ser realmente excelente. Acontece que o pessoal da minha escola sempre dá um jeito de estragar tudo.
Ao invés de colocarem uma aula a mais de sexta feira (dia em que somos dispensados 50 minutos mais cedo do que nos outros dias da semana) a direção da escola resolveu organizar as aulas de ambas as matérias via INTERNET.
Agora me diga, como pode um aluno realmente aprender e absorver o conteúdo se o professor não está ali para tirar suas dúvidas a qualquer momento? Como eles pretendem lecionar FILOSOFIA sem promover qualquer tipo de debate e discussão de idéias?
Nada se compara a uma aula onde o professor explica o conteúdo com a devida paixão que lhe é merecida.
A idéia toda de se ter aulas via correspondência ou qualquer coisa que o valha até que parece bem ser romântica e interessante em ''O mundo de Sofia'', mas na prática, é realmente uma droga.

sábado, 21 de março de 2009

Cabeça de Rádio.


Dias, semanas, meses de espera. A contagem regressiva que parecia infinita, chegou ao fim.
Amanhã estarei vendo Radiohead ao vivo.
Só sei que quando o show começar tudo será de um colorido imensuravelmente lindo pra mim, e só pra mim.


Muito pouco, agora.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Seu coração, meu coração.

Ouço seu coração.
Coração trinta e dois anos mais velho que o meu, carregado de preocupações, angustias e receios.
Um coração cansado, que já passou por muita coisa nessa vida e já apanhou demais. Que apesar de tudo, bate assim como o meu, calmo e tranquilo, como se sua maior preocupação fosse o jogo que passa desapercebido na televisão.
Coração pulsante que o meu tanto admira, em que o meu tanto se espelha.
Esse seu coração que aos poucos o meu começa a entender e aceitar, o coração do herói que o meu acha que vai pulsar pra todo o sempre.
Meu coração precisa da calma com que o seu bate e da sabedoria com que ele vai no compasso dessa vida que é bela, mas também pode ser terrivelmente triste.
Quero meu pequeno coração vivido como o seu! Dono de infinitas alegrias e momentos memoráveis. Senhor que aprendeu a passar por dores e perdas com a cabeça erguida. Órgão forte que mesmo com as atuais dificuldades encontra espaço para um sorriso sincero.

O que mais me admira nesse seu coração é que ele está no mesmo compasso do meu, como se eles caminhassem lado a lado.
Lado a lado.

tum tum, tum tum, tum tum(...)

segunda-feira, 9 de março de 2009

Carnaval de 2006

Porque o mundo não parou?
Como a vida ousa a continuar, se a rosa mais bela morreu?

Porque as escolas de samba estão indo para a avenida?
Como pode um samba ser feito e cantando?
De que tudo isso adianta, se ela não está mais aqui para apreciar?

Porque os comércios abrem e as escolas funcionam?
Porque as pessoas riem e sorriem lá fora?
Porque? Porque?
Não há motivos para sorrir,
Ela se foi.

Fechem as janelas! O sol não ousará brilhar
Porque brilharia, afinal? Ele só brilhava pra ela
Só pra ela.
Ela, mais brilhante e bela que o próprio sol.

Quem se atreve a continuar fabricando esse perfume?
Perfume tão dela que não serve pra mais ninguém.
Perfume que ainda sinto de vez enquando
Perfume que ainda sinto sempre.

Parem! Parem de passar esse filme.
Filme que nunca será o mesmo sem a risada dela
Cena com a qual ninguém nunca se emocionará, como ela se emocionou.
Cena que não mais assistirei ao lado dela, em uma quinta-feira chuvosa.

Parem o mundo, ele não merece mais girar!
Sua graça se foi, seu sorriso se desfez.
Seus olhos verdes já não brilham mais.

Seus olhos verdes, que brilham dentro de mim
Olhos verdes, que brilham dentro de mim
Verdes, que brilham dentro de mim
Que brilham dentro de mim
Brilham dentro de mim
Dentro de mim
De mim
Mim.

Mim? Não existe mais "mim" sem você,
"Mim" já não é mais nada, não existe mais.
Pedaço de mim morreu, agora que seus olhos verdes estão fechados.
Fechados e cobertos de terra.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Meu quarto.

No momento, tem três pares de tênis espalhados pelo quarto, uma toalha jogada no chão, duas roupas íntimas penduradas na maçaneta.
Livros, apostilas e um fichário se misturam em cima do banquinho vermelho.
Na cama, a bolsa com alguns botons encontra-se largada e embolada nos lençóis, bem ao lado da velha calça jeans, que está do avesso.
Uma pilha de livros consideravelmente desarrumada se forma na pequena estante ao lado da cama.
Ao meu lado, um copo vazio onde antes tinha suco de "morangos silvestres" (corante puro) faz par com uma tijelinha vazia, que há minutos atrás estava cheia de batatinhas.
Não vou nem tentar abrir o guarda-roupa, sei que tudo vai despencar de lá.

Paro e penso: "preciso arrumar o quarto". Daí depois eu olho ao redor... olho, olho de novo, olho mais uma vez.
A música que toca agora é belíssima, quero dançar, pular em cima do "puf" e esquecer de tudo e de todos( Eu realmente faria se ele não estivesse amontoado de pinguins, Bob Esponja e outros bichinhos de pelúcia). É realmente uma bela canção.
Mas, afinal, pra que arrumar o quarto, se ele é quase sempre assim?
Pra que muda-lo, se é aqui que eu me encontro sempre?
Sempre e sempre :)

segunda-feira, 2 de março de 2009

.

Você não sabe qual é minha banda favorita, muito menos a música. Não sabe do que eu gosto de fazer quando não tenho nada pra fazer, não sabe dos livros que eu leio, do perfume que eu uso. Não faz ideia do quanto eu gosto de andar pra lá e pra cá pelo meu apartamento, quando ele tá vazio, e o quanto eu adoro deitar nas almofadonas que tem na sala, pra cantarolar uma canção qualquer.
Não sabe da minha nova descoberta, do meu seriado favorito, da melhor fala de filme de todos os tempos, ou daquela cena que me fez chorar.
Não sabe a data do meu aniversário, meu signo( mesmo que não acredite em astrologia, ou o diabo que o valha) e nem qual é o meu feriado favorito do ano.
Não sabe por quem eu choro quando a noite vem, não sabe quem é a pessoa que me faz sorrir, só em pensar nela. Também não sabe onde eu vou toda quinta-feira a noite e o quanto me faz bem.
Não sabe dos meus antigos e novos amores, não sabe dos meus amigos e dos momentos maravilhosos e terríveis que passei ao lado deles.
Não sabe quem são os meus heróis e ídolos.
Não sabe qual é a minha matéria favorita, ou a que eu mais detesto.
Não sabe que quando eu tomo sorvete, ou como chocolate fico dez vezes mais feliz do que o normal.
Não sabe qual é meu suco favorito, nem que eu detesto refrigerante.
Não sabe qual flor eu acho mais bonita, e qual eu acho que tem o melhor perfume.
Não sabe dos meus medos, anseios e planos(...)


De verdade, a mim não importa que você não saiba nada disso, esse é o tipo de coisa (que diz quem a pessoa realmente é) que você só descobre com um pouco mais de convivência, é o que torna a pessoa encantadora ou não, especial ou não.
O que pega mesmo é que você não tá nem um pouco interessado em saber.
Niguém nunca tá interessado em saber porcaria alguma.

domingo, 1 de março de 2009

já é março...

o mês mudou, nem notei.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Quinta-feira

Sentado ao meu lado havia um homem, homem que tinha um dos olhares mais tristes que eu já vi.
Ele não dizia nada, nenhuma expressão em seu rosto além da evidente tristeza. Tristeza que transbordava.
Ao redor, pessoas cantando: Algumas com profunda alegria, outras para curar uma ferida secreta e ainda outras que em momentos de angústia e vazio cantam, numa busca desesperada pela fé. Todos cantando, mas ele calado. Calado e triste, triste e calado.
Escrevia algo, um longo texto, e apoiava o pedaço de papel com muita dificuldade, tomando cuidado para não fura-lo com a caneta.
Me pus a pensar o que fazia esse homem tão triste. Ele exalava uma solidão desoladora, daquelas de ter vontade de leva-lo embora para garantir que o sentimento de abandono nunca mais se manifestasse em seu ser.
Puxa, como eu adoro essa música! Lágrimas escorrem, assim como a chuva escorre lentamente pela janela lá fora.
Canto por mim e por todas as almas do salão. Mas acima de tudo, canto pelo triste e solitário homem sentado ao meu lado, que está a escrever, sem parar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

As aventuras de Cucupi.

Quando eu era bem miudinha, mas bem miudinha mesmo, meu pai costumava inventar histórias para me fazer dormir.
Só conheci a Bela adormecida e a Branca de neve quando, mais pra frente, começaram a me presentear com fitas de vídeo e tudo mais. Antes disso, só ouvia contos extremamente originais, inventados pelo meu maior herói.
Existiam vários personagens, mas dentre eles, o meu favorito sempre foi uma simpática minhoca chamada "Cucupi", que vivia no cantinho do tronco de uma árvore e passava por muitas aventuras na floresta.
As histórias eram sempre diferentes e eu costumava guardar todas, fala por fala, na minha memória. Isso era um problemão pro meu pai, afinal, o fato de eu sempre lembrar da história completa não significa que ele também lembrava.
É claro que, como a maioria das crianças, eu pedia pra ele contar a mesma história pelo menos mais umas três vezes e é claro que ele não lembrava tudo nos mínimos detalhes, como eu sempre fazia.
Acabava que no fim das contas era eu que contava novamente as aventuras da Cucupi pro meu pai, que lembrava apenas de 10% da história que ele mesmo havia inventando.

Sinto falta desses dias em que a minhoquinha Cucupi era a maior alegria que eu poderia ter.
Eu cresci, treze anos se passaram, e ainda tenho a serelepe Cucupi viva em minha memória, rastejando pelo chão da floresta :D

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Cornélio Fudge

Hoje notei uma incrível semelhança entre meu professor de biologia, Gerson, e o ministro da magia, Cornélio Fudge.
Agora, toda vez que o professor entrar na sala, vou imagina-lo usando um chapéu coco verde-limão. Isso tornará as aulas bem mais divertidas :D

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Menininha

A menina no homem
O homem na menina
A menina ri, chora, ora
A menina no homem alfora
Encantada ela olha os brinquedos
Não pode toca-los, mas brinca
brinca com seu olhar atento e puro.
O homem não sabe pra onde ela iria
O homem não sabe de onde ela foi
Não sabe seu nome, desconhece seu físico
Só sabe que ela ri, chora e ora
E que eu seu ser a menininha alfora.
Nada sabe dizer, em nada pode mexer
Engatinha pelo chão do apartamento vazio
O homem lhe acompanha, emprestando mente e corpo
Alma, a garotinha já não pode mais ter.
A menina ri, chora, ora
A menina no homem aflora
Por fim ela cumpre sua missão
E ainda com aquela inocência de quem pode contar 
a idade nos dedos das mãos,
a pequenina vai-se embora.

A paz reina, no apartamento vazio.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Last Goodbye.

Acabou.
Isso me deixa terrivelmente triste, mas acabou.
Olhar pra trás e lembrar tudo o que nós fomos um dia, é bom demais pra mim, porque apesar dos pesares, eu sei que as coisas que dissemos um para o outro foram sinceras.
Dizem que o pra sempre é uma mentira, que ele nunca acontece... pode até ser. Mas eu não me arrependo de todos os que eu falei pra você, porque eles foram do fundo do meu coração. Eu queria que os nossos ''pra sempres'' pudessem se cumprir.
Poisé, nada nunca acaba acontecendo como se espera. Faz um tempinho desde que botamos um ponto final na nossa história, e eu acho que no fim das contas foi o melhor pra nós dois, mas foi só hoje que eu percebi que o livro dessa história se fechou. Hoje, eu acabei nosso livro.
Escrevo esse post os olhos marejados, afinal, é triste você sentir aquela esperança que alimentava os seus dias, morrer dentro do seu ser.
Sonho com você as vezes, e acho que pra sempre vou sonhar... mas de hoje em diante serão sonhos diferentes, pois na manhã não terei aquela esperança dentro de mim. Ao abrir os olhos, só vai restar a saudade.

"This is our last goodbye, I hate to feel the love between us die(...)"


(esse post é um desabafo só, e um milhão de vezes mais pessoal do que os outros daqui. Não tô ligando se é feio ou bonito, se é um daqueles clichês absurdos, mais do que previsíveis ou qualquer outra coisa. Ele precisava ser escrito, só isso.)