sexta-feira, 8 de julho de 2011

Entre estas quatro paredes

Onde tudo começou.
Quando eu ainda nem sabia que a vida era a vida, que mamãe era mamãe, papai era papai,que e meu quarto era meu. Mesmo quando eu não sabia...ele já estava lá.
Minha história entre estas quatro paredes começou quando eu ainda era nova demais para saber como este era o meu refúgio perfeito.
Diários escondidos, medos secretos de olhar em baixo da cama, a parede vermelha, a mudança dos móveis, o Scooby-doo, brincadeiras de boneca, o Alfie, o Baby, Cucupie e Mico, as conversas nas noites infinitas com as melhores amigas que a época me proporcionou.
A alegria de ter a minha própria vitrola, meus discos, ouvir estes discos, nesta vitrola, com as pessoas mais inesquecíveis da minha vida. A antiga rede montada, os filmes da disney e as horas ouvindo as bandas favoritas no rádio das meninas super poderosas.
Os estudos desesperados na última hora, os amigos sempre prontos para ajudar. Pizza de chocolate, fanta uva e pipoca.
A semanal mudança de fotos no mural, a vontade de ficar no quarto pra sempre.
As noites em que o travesseiro, também companheiro de longa data, abafou os soluços e sentiu o salgado gosto das lágrimas de uma pequena versão de mim, que por tanto chorou. Ah, como a ouviu chorar, este velho quarto.
Viu-me crescer, e tornar-me mais forte. Acompanhou as mudanças de gostos, ideais, e até uma ligeira mudança na aparência.
Nele coube o primeiro amor, o grande amor, os amores passageiros. Colegas, amigos momentâneos, amigos de longa data, não mais amigos, amigos pra vida inteira.
Nele couberam os filmes favoritos, os livros e poemas, as cartas e bilhetes que levo comigo pra sempre.
Coube a Luísa fraca e imatura, a Luísa egoísta, a Luísa ciumenta, a Luísa arrependida. A Luísa Sorridente, feliz. A apaixonada e a desiludida. A Luísa ansiosa, a nervosa, a desesperada, a exagerada.
A Luísa que cresceu, que agora compreende. Uma Luísa mais madura, ainda com muito a aprender. A Luísa criança.
A Luísa eternamente criança, crescida, sempre contraditória e em constante movimento.
Este meu refúgio em todas as fases, mesmo com todas as transformações, mudanças e contradições,sempre esteve lá pra mim. Sempre.

E agora estará lá para outra pessoa, uma completa estranha, que, seja lá quem for, tem muita sorte. E espero que cuide deste meu companheiro da vida toda.