segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Tempo tempo tempo tempo tempo tempo

Hoje é dia dois de outubro. Percebi que posso contar nos dedos as vezes em que olhei o calendário, neste ano. Agosto demorou dois séculos inteirinhos pra passar, e do mês do desgosto pulou-se direto pra dezembro. Setembro fugiu, saiu correndo. O que fiz com ele? Assustei-o com o meu descaso? Queria que ficasse um pouco mais...
No calendário não reparo, mas no relógio digital que fica logo ao lado pouso meu olhar todos os dias, o tempo todo. Relógio, aparelhinho que me controla como nada mais consegue, fruto de todas as minhas angústias e de todo o meu desespero. Não para. Pressa pressa pressa pressa pressa!
Quando foi que cedemos? Quando foi que caímos direitinho na armadilha de não-sei-quem e colocamos esse tic-tac incessante em nossas vidas? Porque meu dia não pode ter quantas horas me forem necessárias para fazê-lo completo?
Neste ano que já acaba vejo tanta gente indo embora... Vou embora de mim mesma e vão embora de mim. Vou embora dos outros também, mas dá uma vontadezinha de ficar...
Uns que vão para longe, sei que voltam sempre, e que me chamam, caso a saudade aperte o peito. Outros vão para a esquina, mas para estes meu olhar e sentimento nunca mais serão os mesmos. Partidas e partidas e fica sempre o arrependimento de poder ter feito isso ou aquilo diferente. Talvez a falta de tempo não tenha me deixado pensar um pouco mais. Só um pouco.
Queria quebrar o relógio, para fazer os segundos cristalizarem-se nessa madrugada.
Paralisa tempo, paralisa até que o sono volte, até que a ferida feche, até que eu me faça forte. Paralisa, porque amanhã você é cruel e não me deixa viver o dia bonito lá fora. Paralisa, porque se não amanhã perco a hora, e é dia de acordar cedo.