quinta-feira, 5 de abril de 2012

Little man blue

A típica volta para casa. Sentada no metrô, os fones de ouvido poupando-me dos ruídos dos trilhos. Às vezes gosto deles, às vezes é preciso desligá-los para deixar a mente flutuar. Para ajudar, a voz mais bonita do mundo cantando para mim. Minha little girl blue.
Olho ao redor, reparo os rostos, um jovem senta ao meu lado. 16 anos, 17? Posso tentar adivinhar essa idade porque ele me chamou a atenção, e chamou a atenção por ter uma agenda exatamente igual a minha, aquela que carrego para todo o canto e que carrega todos os meus sonhos e devaneios. Discrição e indiferença nunca foram meu forte, e um menino de 16 anos com uma agenda do Charles Chaplin tinha que ser especial. Lá dentro tinham sonhos, iguais aos meus de algum tempo atrás, memórias, um diário. Ele quer passar no vestibular, escreve em sua agenda o que fez no seu dia, resolve exercícios de matemática. Me emociona.
Não sei nem se quero achar explicação para esse sentimento que me invadiu. Talvez nem haja alguma explicação. Talvez seja só a vida, me mostrando como ela pode ser bonita e cheia de poesia e garotos cheios de sonhos, quando ela quer.
Saio do trem, a música acaba.
Ganhei o meu dia.